sábado, 29 de agosto de 2009

O amor

Eu sempre soube
Que em verdade nunca houve
Obstáculos para se amar.

Há que se poder tentar.
É natural que a vida tente,
mesmo que em sendo a gente.
A virtude, não há de se alcançar!

Quando se ama, se quer,
Se cuida d'outro. Cuida-se de si,
E, creia-me, haja o que houver
Mesmo chorando, se consegue sorrir.

Você que me lê nesse poema,
Que no palco do amor contracena
Consigo... Lê com carinho esse texto,
Personagem que és em está cena
Da tua vida. De todo um contexto...

Que é perspectiva e representação
Do compromisso teu com a tua emoção,
Ideologia de serem mais felizes, queridos...

Tenta quantas vezes assim for preciso.
Pois só pode se conquistar ou se enganar
Aqueles que ao menos tentam, amigos,
Perceber que está no amor, a arte de amar...

André Ricardo Marques de Souza

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Eles, nós, você e eu.

Não sei se eles nos percebem,
Assim, desse nosso jeito...
Como se nós, par perfeito,
Soubessemos o quanto atrevem
A perceberem-se os efeitos
Que não se perdem ao se olhar.
Jamais, não podem, não devem...

É preciso externar o que sinto.
Que a tua presença, ela é vital,
Que nossos corpos, um tal qual
O'outro, confiam-se, não minto.
Eu percebo que não é por mal
Que a Natureza faz-nos, isto,
Cada um belo, cada um distinto.

Ora, não estaria nos valores
Pequenos que damos as coisas
Que podem em volta existir
O papel que exercemos, atores
Que somos, de outrora ao devir?

Eu sou-lhe tão grato amiga
Por estares por perto, aqui...
Sempre fostes muito bem vinda,
Desde os idos da menina linda
Até essa mulher, gênio forte,
E que tive, de fato, a sorte
De conhecer e reconhecer ainda
Nas várias fases da minha vida.

André Ricardo Marques de Souza

domingo, 16 de agosto de 2009

Teus Olhos

Nestes teus olhos...
Que estrela é esta que brilha?
De qual constelação viera
Esta estrela, tão bela,
Que nos traz às vistas
As mais lindas e singelas
Histórias tuas?...

Contam-te assim, nua,
No que tange esse reflexo
Íntimo e público e sem nexo
Para que não enxerga,
Ou mesmo, não se apega
As mais lindas coisas
Complexas e simples da vida...

Tudo isso interage, querida,
E por vezes eu percebo
Que quanto mais eu te vejo
Menos sinto esse medo
De desejar, e eu desejo
Que brilhe cada vez mais
Esta estrela em teu olhar...

Porque ponho-me a sonhar;
A perceber o infinito
Nesse olhar tão bonito
Que'eu pude encontrar...
Quando olhares para mim,
Não te atrevas a piscar...

André Ricardo Marques de Souza

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O mundo

Despe-te
E tu'alma será leve.

O espelho que se presa
Reflete a imagem límpida
E cristalina de absolutamente nada...

Porque somos mais de um.
Somos o plural do plural do plural,
Do qual de todos, nós somos nenhum.

E se à face, amedrontada,
Vem a vaidade de repente e rapina,
Ora, que bom que'ela não está armada,
Bom, que não sou mais menino...

Aliás,
Há tempos nasci...

O que pertence ao vil,
Se é que se de conta, entre mil
E duas coisas distintas de si

É que não se pertence;
E que mesmo que por segundo pense
Que o mar por mais agitado que ele seja
Não é capaz de observar, que o veja,

O sujeito, será imagem,
Em que pese toda a paisagem
Homográfica que é...

Sinto-me mais leve por hora.
Preciso sentir-me assim, agora,
O mar que me espere,

E o mundo, ele que se altere!

André Ricardo Marques de Souza

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A poesia da vida

Por vezes nos perguntamos
Sobre quem ou o quê amamos.
E as perguntas não parecem ter sentido.

Nada "in concreto" nos responde...
E por vezes, a gente se esconde,
Nos esvaindo, por aí perdidos,

Sem tudo aquilo que esperamos...

E então um mundo novo se abre.
Um mundo onde a idéia que se faz
De tudo aquilo que em verdade apraz

Nos é necessário para viver de verdade!

Uma vida que não se pode controlar
Esta, que não é nem nunca foi realidade,

Pergunto-me sempre: Quem há de parar
De, por um segundo que seja, sonhar?

Este, o combustível que nos abastece.
Que n'outro dia nos tanto enternece,
Ávidos pelo sentimento de esperança...

Penso que o papel da poesia
É preencher-nos e ao nosso dia-a-dia,

E é por isto que eu escrevo
Tentando sonhar-vos no que vejo
De permeio os sentidos subjetivos meus,

Esperando colocar em cada verso esse "Eu"
Que também e, com certeza, sonha muito...

Pelo mundo, esse, de faz-de-contas,
Digos-vos que não existe verdade pronta,
E que o que existe, ora, se é que existe,

É que, sim, podemos ser a mágica,
A nossa de virarmos de súbito a página
Do livro que escrevemos juntos na vida.
Dessa vida que escrevemos no livro,

Artistas que nós somos, da imaginação...

Sem uns aos outros, digo sem receio,
Não existiria eu e tampouco você e o meio
Que nos cerca de razão, mas de emoção

Que bastaria, para sermos o Universo
Em as linhas e entrelinhas do mais terno verso...

André Ricardo Marques de Souza

Aquele dia

Que bonito o nosso primeiro encontro.
Pétalas de rosas pela mesa; luz de velas,
E'eu tímido, mas, lembro-me, pronto
Para amar-te, a mulher das mais belas.

Aquela que'eu sentia. Sabia onde tocar,
E os pássaros em perfeita harmonia
Na riqueza dos seus sons, a cantar,
O que de teus lábios diziam, a sinfonia

Do altar, onde me não sentia sozinho
E esvaia-se o coração meu, o desalinho,
E a alegria de passar com você este dia

Guardou-me na mente o quanto sorrias,
O quanto eu sei que fui e sou importante
Para você, querida, lapidamos diamantes!

André Ricardo Marques de Souza

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Creiam-me

Ora, falam tanto da alma
E'eu a entendo, como essência,
E defendo com veemência,
Convicto, e com tinta à palma,

Que de a'alma mesmo, seja
O paradigma do bem, e do mal,
Que reside com ou sem aval
Em nós... E que lá esteja

Não sem um porquê de Ser.
E não é difícil de se entender
Que não existe também o destino,

E que o presente é o agora
Que há tempos idos fôra outrora,
E, isso, creiam-me, sei desde menino!

André Ricardo Marques de Souza

Sonho e paixão

Presunção, ora, essa, a minha...
Querer ter alguém que eu não tinha!
Mas a paixão como o sonho seria?
Como se tudo aquilo que'eu queria
Tivesse de estar em o meu caminho.

Seria o vício de minha idéia pronta.
E'embora só, o que me nada conta
Na atual conjuntura de a realidade?
Não... Se apresenta como a verdade
Que'eu possuí, embora à cabeça tonta.

Mas, bem mais do que isso, penso eu,
Seria ter tudo aquilo que não é meu
E que somente a mim me pertence...
E que de fato é querer um nonsense
Lógico, sem que fosse um desejo teu.

Perdôa-me esse lapso de inteligência
Que me rouba o sono e a paciência,
Mas que me apraz não sei dizer porquê.
Não fosse quem tu és... Não fosse você,
Idéia fixa do bem querer, falta de ausência,

Eu teria terminado sequer de escrever.
E por outro lado, tudo que'eu pudesse ler,
Ou, o que me viesse de pronto à mente,
Não seria você um sonho, e tão e somente,
Seria eu, qualquer paixão que se pudesse ter.

André Ricardo Marques de Souza

sábado, 1 de agosto de 2009

Vai...

à uma desconhecida

Vai...
Segue em frente
E me não notas, não percebes...

Este, que te escreve,
É o recôndito de o ventre
Que quase, e porque não dizer sempre

Desapercebe um verso.
E'eu confesso que é a derrocada...

Vai...
E não pensas em mais nada!
Pois que por hora, ora, eu te peço

Para não serdes
A extrema unção e morta
Composição minha sobre tu...

Esta que te guarda à entrelinha
De todas as letras tortas
Que te deram forma e vida...

Vai...
E não supões
Que a vanguarda enternecida

Da arte dos meus livros,
E do boato que aos ouvidos
Corre, sempre cheio de saudade

Vá dizer-te: Transmuda-se em verdade!

Vai...
Eis o calo de minhas mãos...

Penso que de verão à verão,
Muitos versos serão esquecidos por mim,
E como é sabido, outros virão e serão

A dialética entre o artista e o objeto.
Sim, assim é a obra, do Ser, o completo,
Incompleto quando não se entende parte

Do que não pertence ao poeta.

Vai...
E não voltas mais!
Pois que não seria correto

Compôr-te sem ter o que brindar...
E serias então e apenas mais alguma,
Ou somente mais uma que se não pode enxergar...

André Ricardo Marques de Souza