quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Mãe

" Em memória de vovó,
Helena Marques de Souza.
Te amo! Saudades... "

I

Desde o princípio
Em que tua mão
Fez-te o colo, vício,
Como que aos suplícios
De meu coração,

Tu, sabia já que era eu.
E ao catre de chara
( o berço de Deus ),
Rendeste-me aos teus.
Vertendo-me a cara.

Mãe: Uma duas, três...
Que de lá, do firmamento,
Muito mais que tanta vez,
O imo teu, cortês
[ e quanto! ] ... encantamento,

Guiou-me aos vértices
E átomos, de ventos quatro,
E patas e hélices...
Mãe, como querem-te!
Os vãos e os astros.

II

Nasci. Ao meio do leito,
E à nossa morada;
Notando-me o preito
Que ao cimo-perfeito
Dispomos... a escada!

Tudo me era lembrado.
Em tempo, contudo,
Esquecido, recordado...
Mas sempre a meu lado
Eras tu, mãe, meu escudo.

Os laços da família,
O abraço, e o cetim,
O solo da trilha,
Dos céus a bastilha,
Redor, querubim.

Passado à presente.
E fomos vivendo...
E à toda essa gente,
Plantando as sementes,
E deles colhendo.

III

Morreste. E triste,
Sou trapos e ansiedade,
Mas sei que ainda existe,
E que d'algum lugar assiste
Os meus ecos de saudade.

E retendo o pranto,
Me envocando à vida,
Sou-lhe o canto
Desta tinta (e santa!):
Poesia... infinita.

Mãe que ouças
O meu séquito voraz
De compor-te cá "na louça",
Essa tua alma moça
Que partiu-se tão fugaz.

Mas é certo, sou-lhe grato,
E rever-te, sei que vou.
Julgue à todos o boato
Que esse peito meu, de fato,
Vai à ti com muito amor.

André Ricardo Marques de Souza

UBE

À União Brasileira de Escritores

Une tu: ube bene, ibi patria
Neo - ocurso, o verso despontante,
I'nda épico, [olhai! O norte infante!]
à do ão distante - poema átrio.
Onde serás, feito esras de antes?

Bradante brasil!, " brasileiro ":
Réu que és, puro inverdadeiro.
Amai! Sim!...: Amicuns perdere!?
Sê paixão, bem igual a de eles.
Isto que' é posto, e chama nossa...
Lê! De ao vértice, à culta!... A grossa...
Eis que chamarás poesia.
Ide, pois e já: idem per idem.
Rito, este, que se opõe à lide;
A vida - e sempre! - a hipocrisia!

Doa: -- De ore tuo te judico:
E, mesmo, haja palavras tuas!...

Então sem per as vestes duas,
Sendo, agora livre, a alma às ruas,
Cá, em o ventre, - a mãe gentil
Rias tu, a gosto este, que é Brasil,
Inerente a mui e mil conceitos,
Tendo em a terra a fronte e peito,
Onde - É certo! - e, mas não contudo,
Ruma até, -- e forte! - sobre o mundo!
Escrevendo, mas, frente a rastros...
Somos estes... - mais que o aço!...

André Ricardo Marques de Souza

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Eu estarei por aqui...

Até o Sol se pôr
Eu estarei por aqui...

Mais um dia desperto
Que quem sabe de certo
Porei-me a sorrir,

Porque sonhei assim
E acreditei em mim
Certo de que amanhã

Essa febre terçã
Que me acompanha
Vai partir sem retorno

Sem pacto ou suborno,
Sem vínculo qualquer...

E se por ventura vier
Cheia de vaidade e adornos
Eu estarei por aqui...

Para dizer que não
E que basta de solidão.
Que se encerre a chuva

Pois que sem visão turva
Há em mim um coração
Que ainda idealiza

O Sol e a brisa
E descansa ao relento
Sentindo a pele, o vento,

De esperança sincera
No teor da quimera
Que eu tive no presente.

Eu estarei por aqui...
De hoje em diante,
Para sempre.

André Ricardo Marques de Souza

Arrependimento

O que tens para me contar
Do dia-a-dia da tua vida?
Que hoje em contrapartida
É o meu ideal de sonhar...

Às vezes é difícil explicar
Determinadas coisas querida,
Tu, que sempre me dera guarida,
E ponho-em então a chorar

Pelos dias em que súbito esqueci
Que estavas bem ao meu lado, ali,
Esperando um reconhecimento

E eu, fracassei naquele momento,
Como se eu só quisesse saber
De parte disso tudo que é você!

André Ricardo Marques de Souza

domingo, 4 de dezembro de 2011

O que eu sinto

Eu me importo com você.
A cada dia que se passa,
A cada noite, amanhecer,
Em cada canto, cada espaço...

E os olhos que há de ver
O corpo, o teu, abraçam
E a mente, espírito... Querer
Que simula e que disfarça

De vergonha, por não ter
Hoje e agora teu coração.
Embora por hora recordação,

É pouco... Quero entender,
Ora, seja lá como for,
Se é paixão ou se é amor.

André Ricardo Marques de Souza

domingo, 27 de novembro de 2011

Obra prima

Obra prima da natureza
Bem-me-quer da esperança
Diz para mim: essa beleza
Tua de verdade não se cansa?

É porque essa minha incerteza
Escondida em fala mansa
Faz parte de minha defesa
Que nunca pára ou descansa

Tenho ciúmes platônicos
Onde verdadeiras sinfônicas
Lembram-me nós dois

E em cada delírio, depois,
vem-me à mente um sorriso.
Você, em definitivo, é tudo isso!

André Ricardo Marques de Souza

sábado, 12 de novembro de 2011

Uma solução

Sinto uma angústia no peito
Uma forte tendência suicida
Porque minhas frases de efeito
Soam como então despedida

Difícil viver com tal ferida
Que por mim mesmo foi eleita
Nas descidas e nas subidas
Do que vem sendo feito

Por mim para modificar o curso
Disso que sinto. Desse susto
Que muito me incomoda.

Não se trata de reinventar a roda
Mas de com a alma e com as mãos
Encontrar a esperada solução.

André Ricardo Marques de Souza

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Amanhã é outro dia

Que bom te ver sorrindo
Meio que de quase nada
Com sono, quase dormindo,
I'nda e por hora acordada.

Eu te percebo, eu te sinto...
Mulher por mim sonhada.
Como você é bem vinda
Na minha vida atordoada

Onde muitas passaram,
Quiseram mas não estavam
Prontas, quiça fosse eu,

Dorme nesse colo que é teu,
Pois amanhã é outro dia,
Amanhã é outro dia!

André Ricardo Marques de Souza

sábado, 15 de outubro de 2011

Vanessa

Vem, minha querida amiga,
Ainda que distante de mim,
Nutrir-se de saudade, querida,
Em que pese o coração enfim
Sós, de encantamento raro...
Seremos o que não fomos,
Amor que é amor e amparo!

André Ricardo Marques de Souza

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Eu voltei

Sei que eu não estive presente;
E nem eu poderia estar
Para te ver sorrir contente,
Para um instante te ver chorar...

Estive preso enquanto ausente
Mas sempre, sempre a te lembrar,
E no momento pertinente,
Eu voltei para te encontrar.

Perdoe-me então mulher e amiga
Que bem quero nessa vida
Pois todos os sentimentos meus

Que eu não esqueci por um segundo
São tudo que eu tenho no mundo,
São todos eles, todos teus....

André Ricardo Marques de Souza

domingo, 25 de setembro de 2011

Lembrar e esquecer

Que aquela saudade de você
Não repouse apenas em mim,
As mãos a te compor e'escrever
Na cartilha dos amantes e afins.

Que sejas o lembrar e o esquecer,
Da recordação, a nossa e, enfim,
Que se esquece e torna a querer
Lembrar, saudosa, e com único fim.

Se lembrada cada vez mais sentida
e de pronto lembrada se esquecida.
Simples assim e assim são os amantes,

São feitos eu e você e tanta outra gente
Que figura nos palcos da vida, antes
Fossem todos os amores assim, sempre...

André Ricardo Marques de Souza

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A lua e o entardecer

Hoje lembrei de você
Pela manhã, logo bem cedo.
Resolvi então à ti escrever
Em breve soneto, e o enredo

Seria a lua e o entardecer
Onde a noite me não dá medo
Como outrora só, a padecer
Doente do engano ledo

E perdido sem amar e ser amado
vencido, derrotado, mas não...
Eis que surge você do meu lado

E a história é outra agora então
E sou um novo homem, mulher,
Que a cada dia mais lhe quer!

André Ricardo Marques de Souza

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Se me devolve o sono
não mais as noites em claro
mas o recôndito do sonho
onde o coração não raro
põe-se a pulsar...

Eu de súbito encaro
a noite com o regozijar
d'um jovem com o faro
de um poético luar
e

Eu resisti

Eu resisti.
Cada golpe desferido
do cinismo desmedido
do algoz carrasco meu...
Eu resisti.
Não fosse eu
quem eu sou'e humilde
nas garras da garganta biltre,
mas não...
Eu resisti.
E agora, passado morto, futuro inexistente,
não, não sou eu o meu presente,
mas o devir resistente
de um herói sobrevivente
de uma guerra que por fim terminou...

André Ricardo Marques de Souza

Renascer

Cresci querendo ser gente grande.
Como adulto, supliquei ser pequenino,
O moleque, menino...
e a partir deste infante
governar o meu mundo ideal
que longe de tudo aquilo que é de real
faz-me - e como! - feliz
e infeliz daquele que me provar o contrário.
Este, não sabe sonhar.
Tem medo de si.
Não sabe se observar e perceber que viver
nem sempre é nascer, crescer,
envelhecer e morrer,
quiça morrer para si e renascer.

André Ricardo Marques de Souza